sábado, 29 de junho de 2013

RECADO AOS MINISTÉRIOS DE MÚSICAS

Ministério sem unidade?
Quando São Paulo faz aos Efésios um apelo para viverem concretamente a unidade querida por Jesus, ele lhes diz: “Exorto-vos pois (...) a andardes de modo digno da vocação a que fostes chamados: com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor” (Efésios 4, 1–3) Não há Ministério unido e forte se cada um dos seus membros não for “revestido de humildade”. E para isso, é preciso dar combate à vontade própria. Santo Afonso de Ligório dizia que: “A vontade própria é a ruína das virtudes, a fonte de todos os males, a única porta do pecado, e da imperfeição, arma favorita do tentador contra os religiosos, o carrasco de seus escravos, um inferno antecipado”.
Quantos Ministérios bons, que no principio eram cheios de unção, que evangelizavam multidões e as faziam experimentar do Amor de Deus por meio de sua arte, eu vi ruir quando a soberba os atingiu um a um, e a todos os integrantes do Ministério.
É a humildade que forma uma comunidade cristã sólida no amor, portanto é a humildade que vai formar um Ministério sólido no amor, seja um Ministério individual ou em grupo.
Disputas?
De maneira particular, para todos os artistas que trabalham em grupo, sejam com a música, com a Dança, com o teatro ou outra arte, essas palavras de São Pedro são para vocês: “Revesti-vos todos de humildade em vossas relações mútuas” (1Pedro 5, 5). Todas as rixas e rivalidades que possam existir em nossos Ministérios cairão por terra quando cada um de nós for verdadeiramente humilde. Onde está presente a verdadeira humildade, não há lugar para a competição e a disputa; por isso, precisamos vestir o quanto antes o manto da humildade.
Atenção à causa das divisões!
É próprio da soberba, por exemplo, por meio do orgulho, da arrogância e da prepotência, gerar em nosso coração um conceito elevado de nós mesmos, fazendo-nos achar que somos mais e melhores que os outros. Fazendo-nos achar que somos superiores aos demais. Isso pode acontecer individualmente, o que faz gerar partidos em nossos Ministérios; ou isso pode acontecer coletivamente, e passamos a acreditar que nosso Ministério é o melhor e o único qualificado para exercer determinada arte ou realizar determinado evento.
Quer diminuir os problemas no ministério?
Como disse João Batista “Importa que ele cresça e que eu diminua” (João 3, 30), digamos nós também: Importa que ele, o nosso Deus, cresça! Importa que ele apareça! Importa que ele seja conhecido e amado e que eu diminua. “Se entendêssemos que é a Deus e somente a Ele que devemos agradar, pouparíamos milhares de problemas e adiantaríamos grandiosamente a qualidade de
nosso serviço para a construção do Reino” (Martín Valverde – As tentações do Músico).
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Querido irmão nunca se esqueça: a tentação mais forte de um artista, que entregou sua arte a serviço do Reino, é apropriar-se do talento que recebeu das mãos do Senhor e pensar que é mais importante o dom do Senhor que o Senhor dos dons. E esta apropriação completamente indevida, se dá justamente por meio do pecado da soberba. E a soberba nunca acontece sozinha, ela traz consigo seus filhos: orgulho, vaidade, vanglória, arrogância, prepotência, presunção, auto-suficiência, desequilíbrio no amor próprio, exibicionismo, egocentrismo, etc.
Vamos continuar falando de humildade?
É triste ver, quando viajo pelo Brasil em missão, irmãos e irmãs que exercem sua arte como se fossem os únicos e os melhores. São muito bons sim, no que fazem, mas infelizmente só sabem fazer, e infelizmente deixaram ou mesmo nunca souberam que foram chamados por Deus para ser. Ser de Deus, ser santo, ser irmão, ser fraterno, ser artista de Deus, ser humilde.
Humildade: luta contra soberba.
“Antes da ruína, o coração do homem se eleva, mas a humildade precede a glória” (Provérbios 18, 12).
Segundo o dicionário a soberba significa: “elevação ou altura de uma coisa em relação à outra; orgulho excessivo; altivez, arrogância, presunção”. A soberba é o primeiro pecado capital, ela encabeça os outros pecados capitais, e sem dúvida é o pior de todos eles. Ela é também uma das três concupiscências que São João relata em sua primeira carta (1João 2, 16), é a
tendência para exagerar a própria estima com o desprezo dos outros. É como que a matriz de todos os vícios e pecados. Foi a soberba que perdeu os anjos decaídos nos esclarece o profeta Isaías (Isaías 14, 12 – 14) e foi por meio dela que começou a tentação dos nossos primeiros pais (Gênesis 3, 4ss). A soberba nos faz esquecer que somos simples criaturas, que saímos do nada pelo amor e pelo chamado de Deus, e que, portanto, d'Ele depende tudo, nossa arte, nosso Ministério, nossa vida, tudo que temos e tudo o que somos.
O soberbo sempre quer, como disse Santa Catarina de Sena, “roubar a glória de Deus”, pois ele quer os aplausos e as homenagens que pertencem a Deus, esquecendo que Deus é o autor de toda graça, e que se não fosse Ele nada aconteceria. Sobre esse pecado nos alerta São Paulo quando escreve: “Em virtude da graça que me foi dada, recomendo a todos e a cada um: não façam de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente modesto.(...) Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisa modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Romanos 12, 3. 16). Em outra carta ele escreve: “Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Cada um examine o seu procedimento. Então poderá gloriar-se do que lhe pertence e não do que pertence a outro. Pois cada um deve carregar o seu próprio fardo” (Gálatas 6, 3 – 5).
Santo Agostinho diz que ser humilde é reconhecer a própria dimensão e se conhecer a si próprio com honestidade, ele diz também que a humildade abre-nos para Deus.
“Para os antigos monges o caminho para Deus passava pelo encontro com a própria realidade. O encontro com Deus pressupõe o encontro consigo mesmo” (Anselm Grün e Meinrad Dufner – Espiritualidade a partir de si mesmo, Editora Vozes 5a Edição).
Santa Teresa de Ávila em seu manuscrito diz: “certa vez, estava eu considerando por que razão Nosso Senhor é tão amigo da virtude da humildade. Veio-me logo de improviso, sem trabalho de raciocínio, esta resposta: é porque Deus é a suma verdade – e ser humildade é andar na verdade. Grande verdade é que nada de bom procede de nós, a não ser a miséria de ser nada. Quem não entende isso anda na mentira. Quem melhor o entender, mais agradará à suma Verdade, porque anda em sua presença”, em outras palavras ela define a humildade como “Humildade é andar na verdade” ou como diz outra tradução “Humildade é a verdade”.
Espero que essa orientação sirva para você e para seu ministério! Grande abraço!

Luiz Carvalho, Comunidade Recado

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